Os campos marcados com * são obrigatórios.

PREENCHA OS SEUS DADOS E RECEBA UM DOSSIER INFORMATIVO, SOBRE CÉLULAS ESTAMINAIS, NO SEU EMAIL


Os campos marcados com * são obrigatórios.

PREENCHA OS SEUS DADOS

Os campos marcados com * são obrigatórios.

Voltar

Células Estaminais Mesenquimais como tratamento promissor da Psoríase

tratamento promissor da Psoríase

Um artigo publicado recentemente na revista científica Cytokine vem demonstrar o elevado potencial das células estaminais mesenquimais (MSCs, do inglês Mesenchymal stem cells) como uma abordagem terapêutica promissora para a psoríase, uma doença crónica e autoimune da pele. Este artigo sugere que as MSCs podem constituir uma solução inovadora e eficaz para os desafios atuais no tratamento da psoríase.

Estima-se que 2 – 3% da população mundial seja afetada por esta doença capaz de impactar severamente a sua qualidade de vida. A psoríase manifesta-se através do aparecimento de manchas escamosas e irritadas, de cor rosada, na superfície da pele, podendo a inflamação originada afetar outros órgãos e tecidos do corpo. Os sintomas surgem, habitualmente, em idades entre os 15 e 25 anos, mas podem iniciar a qualquer idade. Alguns dos tratamentos testados para responder a esta doença passam pelo uso de corticosteroides e fototerapia. Contudo, muitos doentes não conseguem uma recuperação completa e podem sofrer efeitos secundários destes tratamentos.

Embora não se saiba exatamente o que causa a psoríase, estudos genéticos revelaram uma série de marcadores, incluindo genes ligados à regulação do sistema imunitário e à manutenção da integridade da pele, como possíveis causas desta condição. Fatores ambientais como infeções, lesões e stress, podem também desencadear ou exacerbar a doença. Nos indivíduos que sofrem de psoríase ocorre uma sobrecarga na ativação do sistema imunitário, em particular as células T, que resulta na produção de moléculas de sinalização inflamatória. Estes mediadores, por sua vez, desencadeiam uma proliferação celular descontrolada culminando na diferenciação anormal das células da pele, característica da psoríase. A capacidade das MSCs para regular a atividade do sistema imunitário e combater a inflamação faz delas candidatas promissoras para o tratamento de doenças autoimunes, como a psoríase.

As MSCs têm atraído especial atenção graças às suas potenciais aplicações na medicina regenerativa e capacidade de regular as respostas imunitárias. Numerosos estudos documentaram que as MSCs e as suas vesículas extracelulares (pequenos “sacos” membranares enriquecidos em moléculas com atividade biológica secretados pelas células) possuem a capacidade de controlar a ativação e a proliferação de células imunitárias, bem como de influenciar o equilíbrio entre moléculas pró- e anti-inflamatórias. Assim, os autores do artigo descrevem as potencialidades destas células em três campos importantes. Imunomodulação (as MSCs são capazes de suprimir a resposta imune exacerbada, observada na psoríase); Regeneração Tecidular (as MSCs promovem a regeneração da pele danificada, estimulando a síntese de fibras de colagénio e elastina); e Angiogénese (as MSCs têm a capacidade de promover a angiogénese [formação de novos vasos sanguíneos], processos benéficos para a regeneração e reparação dos tecidos.

Estas características mostram como as MSCs podem ser utilizadas de modo multifuncional para tratar diversas condições, incluindo a psoríase, através da imunomodulação, promoção da regeneração tecidular e angiogénese. Este artigo refere os resultados de diversos estudos em modelo animal com psoríase induzida e de ensaios clínicos realizados com o objetivo avaliar o papel das MSCs no tratamento da psoríase. Os diferentes estudos evidenciam que a administração de MSCs produz resultados francamente promissores no tratamento desta doença e demonstram as capacidades terapêuticas das MSCs. As células estaminais infundidas reduziram significativamente a inflamação e a severidade das lesões cutâneas em modelo animal e promoveram mudanças positivas nas células da pele alteradas pela doença. Além disso, são reportados resultados igualmente animadores no tratamento da doença em humanos. Concretamente, de forma notável, um homem de 47 anos, diagnosticado com psoríase e que durante 25 anos não obteve resultados significativos dos tratamentos recebidos, teve as suas lesões psoriáticas praticamente eliminadas após a aplicação de MSCs do cordão umbilical (UC‑MSCs). Ao doente foram feitas três administrações de UC-MSCs, ao longo de duas semanas e, três meses após a primeira aplicação, todo o eritema desapareceu completamente e as lesões não voltaram a aparecer. O acompanhamento durante cinco meses demonstrou que as lesões psoriáticas estavam praticamente eliminadas. Neste doente, o tratamento da psoríase através da aplicação de UC‑MSCs foi seguro e eficaz.

Apesar de reconhecerem que são necessários mais estudos que permitam aperfeiçoar os protocolos de tratamento entre outros aspetos, os autores concluem que as MSCs têm um grande potencial terapêutico para o tratamento da psoríase, principalmente pela sua capacidade de reduzir a inflamação e modular a resposta imune.

 

Perspetivas Futuras

As MSCs representam uma abordagem promissora e inovadora para o tratamento da psoríase, oferecendo benefícios regenerativos e imunomoduladores que podem superar as limitações das terapias atuais. A pesquisa contínua e os ensaios clínicos (com um maior número de doentes e períodos de seguimento mais longos) são fundamentais para avançar no conhecimento sobre a segurança e eficácia das MSCs, possibilitando a sua aplicação segura na prática clínica. A investigação nesta área poderá contribuir para melhorar (significativamente) a qualidade de vida dos doentes com psoríase, abrindo caminho para tratamentos mais eficazes e personalizados.

 

Referências:

1- Chen., et al., The role of mesenchymal stem cells in the treatment and pathogenesis of psoriasis. Cytokine Volume 182, (2024) https://doi.org/10.1016/j.cyto.2024.156699.