Os campos marcados com * são obrigatórios.

PREENCHA OS SEUS DADOS E RECEBA UM DOSSIER INFORMATIVO, SOBRE CÉLULAS ESTAMINAIS, NO SEU EMAIL


Os campos marcados com * são obrigatórios.

PREENCHA OS SEUS DADOS

Os campos marcados com * são obrigatórios.

Voltar

Células estaminais mesenquimais do cordão umbilical na profilaxia da doença do enxerto contra o hospedeiro após transplante de células estaminais hematopoiéticas haploidênticas

A doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) é uma complicação grave e potencialmente fatal que pode ocorrer após um transplante alogénico de células estaminais hematopoiéticas (transplantes de medula óssea, de sangue periférico mobilizado ou de sangue do cordão umbilical), isto é, recorrendo a células de um dador. A DECH ocorre quando as células imunocompetentes do dador reconhecem o recetor como estranho e iniciam uma resposta imunológica contra os seus tecidos. Existem duas formas principais de DECH: DECH Aguda (aDECH) e DECH Crónica (cDECH).

A aDECH ocorre nos primeiros 100 dias após o transplante e afeta principalmente a pele, fígado e trato gastrointestinal. É classificada em diferentes estágios de acordo com a gravidade dos sintomas. Já a cDECH pode ocorrer a partir dos 100 dias após o transplante e durar vários anos. Afeta múltiplos órgãos e sistemas, incluindo pele, olhos, boca, fígado, pulmões, trato gastrointestinal e sistema músculo-esquelético. Os sintomas podem variar de leves a graves e podem ser debilitantes, impactando significativamente a qualidade de vida do doente. O tratamento e a profilaxia da DECH envolvem o uso de imunossupressores, que têm como objetivo evitar a ativação das células do sistema imunitário do dador contra os tecidos do doente transplantado (recetor). No entanto, esses tratamentos podem não ser completamente eficazes e podem estar associados a efeitos secundários graves.

 

PREVENÇÃO DE cDECH COM CÉLULAS ESTAMINAIS MESENQUIMAIS

Foram recentemente publicados na revista científica JAMA Oncology os resultados de um ensaio clínico de fase 2, que investigou o uso de células estaminais mesenquimais (MSCs) como uma possível estratégia para prevenir a cDECH após um transplante de células estaminais hematopoiéticas haploidênticas (provenientes de um familiar próximo). As MSCs são capazes de regular a resposta do sistema imunitário, reduzindo a atividade imunológica contra os tecidos do recetor e diminuindo a incidência e a gravidade da cDECH, sem comprometer a eficácia do transplante. O principal objetivo do estudo foi determinar se infusões repetidas de MSCs, administradas nos primeiros 100 dias após o transplante de células estaminais hematopoiéticas em doentes com leucemia aguda, diminuiriam a incidência de cDECH grave. Deste modo, os doentes incluídos no ensaio clínico foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu tratamento com infusão de MSCs do tecido do cordão umbilical, enquanto o outro (grupo controlo) recebeu a profilaxia convencional sem infusão de MSCs. As infusões de MSCs iniciaram-se 45 dias após o transplante e foram realizadas a cada duas semanas, totalizando 4 infusões. O tempo médio de acompanhamento dos doentes (de ambos os grupos) foi de 39 meses após o início dos tratamentos. Os resultados deste ensaio clínico evidenciam que, no grupo de doentes que recebeu infusões de MSCs, se verificou menor incidência e severidade, tanto de cDECH como de aDECH, com uma taxa de recaída de leucemia semelhante entre os doentes dos dois grupos. Os doentes do grupo tratado com MSCs apresentaram ainda melhores taxas de sobrevivência livre de DECH e de recaída da leucemia.

Os resultados deste ensaio clínico sugerem que a infusão precoce e repetida de MSCs pode constituir uma abordagem preventiva eficaz contra a cDECH após o transplante de células estaminais hematopoiéticas haploidênticas, melhorando a qualidade de vida e as taxas de sobrevivência dos doentes, sem aumentar os riscos de efeitos adversos graves ou de recaída da doença. No entanto, são ainda necessários mais estudos , para que a terapia com MSCs possa vir a ser uma alternativa clínica viável para estes doentes.

 

Referências Bibliográficas:
https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/10255-graft-vs-host-disease-an-overview-in-bone-marrow-transplant, acedido a 10 de maio de 2024
https://www.cancer.gov/publications/dictionaries/cancer-terms/def/haploidentical-donor, acedido a 15 de maio de 2024
– Huang, R. et al., (2024). Mesenchymal Stem Cells for Prophylaxis of Chronic Graft-vs-Host Disease After Haploidentical Hematopoietic Stem Cell Transplant An Open-Label Randomized Clinical Trial. JAMA Oncology, 10(2), 220-226. https://doi.org/10.1001/jamaoncol.2023.5757