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Células estaminais protegem contra lesões cerebrais neonatais

Nos países desenvolvidos, 1 em cada 400 recém-nascidos desenvolve paralisia cerebral como resultado de lesões neurológicas ocorridas durante o desenvolvimento intrauterino ou no período neonatal. Os episódios de hipoxia-isquémia (HI) cerebral, ou seja, de falta de irrigação sanguínea e oxigénio no cérebro, são a principal causa de lesão cerebral em recém-nascidos, podendo resultar em défices motores e cognitivos. O tratamento atualmente utilizado para limitar a extensão dos danos cerebrais provocados por HI é a hipotermia induzida, que consiste em baixar a temperatura corporal para valores entre 33 e 34°C durante 72 horas, seguida de um reaquecimento progressivo. Embora seja eficaz em alguns casos, muitos recém-nascidos acabam por sofrer danos neurológicos irreparáveis. Existe, portanto, urgência em desenvolver novas terapias que possam ser usadas em alternativa ou como complemento à hipotermia.

A terapia com células estaminais mesenquimais (MSC) tem sido investigada como uma nova abordagem terapêutica para distúrbios do foro neurológico, em recém-nascidos, crianças e adultos. O potencial destas células para o tratamento de lesões cerebrais baseia-se nas suas propriedades imunomoduladoras e na sua capacidade para libertar moléculas que promovem a sobrevivência e o crescimento dos neurónios.

Administração intranasal de UC-MSC previne danos cerebrais em modelo animal

Um estudo recente avaliou, em modelo animal, a eficácia da administração intranasal (pelo nariz) de MSC do tecido do cordão umbilical (UC-MSC) no tratamento de lesões cerebrais neonatais. O estudo incluiu três grupos de animais: os que sofreram HI; os que, após sofrer HI, foram tratados com UC-MSC; e animais saudáveis. Os resultados demonstraram que o tratamento com UC-MSC previne a perda de neurónios após HI, nomeadamente no hipocampo, uma região do cérebro crucial no processamento de memórias. Para além disso, demonstrou-se que esta ação neuroprotetora foi provavelmente mediada por um efeito anti-inflamatório, observado quer a nível cerebral quer pelo aumento de uma molécula anti-inflamatória no sangue. Apesar dos bons resultados, os autores denotam que o efeito neuroprotetor observado foi parcial e não preveniu totalmente a progressão da lesão cerebral após HI, sugerindo que, em estudos futuros, se avalie o benefício de múltiplas administrações de UC-MSC, bem como da combinação deste tratamento com hipotermia.

Comparativamente com estudos anteriores e tendo em vista a potencial aplicação futura deste método em humanos, estes investigadores tentaram otimizar a dose e a via de administração, de forma a que o tratamento fosse eficaz e exequível na prática clínica. A aplicação intranasal não apresenta riscos para o doente e é uma forma ainda mais simples de dirigir as células para o local da lesão, comparativamente à via intravenosa, uma das formas de administração mais comummente utilizadas em estudos anteriores. As células estaminais escolhidas foram as do tecido do cordão umbilical, pois são facilmente colhidas após o nascimento, e apresentam maior potencial proliferativo e neurotrófico em comparação com outras fontes de MSC.

Este foi o primeiro estudo a demonstrar que uma dose clinicamente relevante de UC-MSC, administrada por via intranasal, protege os neurónios em regiões críticas do cérebro após HI, através da sua ação anti-inflamatória, resultando em melhorias nas capacidades motoras. Estes resultados suportam futuros estudos com vista ao uso de terapia celular com UC-MSC para o tratamento de lesões cerebrais neonatais e paralisia cerebral.

 

Referência:

McDonald CA, et al. Intranasal Intranasal Delivery of Mesenchymal Stromal Cells Protects against Neonatal Hypoxic-Ischemic Brain Injury. Int J Mol Sci. 2019. 17;20(10). pii: E2449.