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Novo estudo propõe método de otimização dos transplantes de sangue do cordão umbilical para síndrome de Hurler

A síndrome de Hurler é uma doença genética grave, caracterizada pela falta de uma determinada enzima no organismo, que resulta na acumulação de açúcares complexos nos tecidos e órgãos, com efeitos devastadores para os doentes. Esta síndrome, que se estima afetar uma em cada 200 mil pessoas na Europa, pode causar problemas cognitivos, musculoesqueléticos, cardíacos e respiratórios, aumento do volume do fígado e do baço e alterações na visão e audição. Uma estratégia atualmente disponível para o seu tratamento é a terapêutica de substituição enzimática, em que é administrada ao doente uma enzima sintética, semelhante à que se encontra em falta no organismo. Esta terapia, que deve manter-se durante toda a vida, está associada à melhoria dos sintomas e da esperança de vida destes doentes. Adicionalmente, quando detetada numa fase precoce, até aos 2 anos e meio de idade, a opção preferencial de tratamento para a síndrome de Hurler é um transplante com células estaminais hematopoiéticas – capazes de formar novas células do sangue e sistema imunitário – de um dador compatível. Após o transplante, quando as células estaminais do dador são incorporadas e passam a constituir o sistema hematopoiético da criança, esta passa a produzir a sua própria enzima, o que permite mitigar significativamente os sintomas da doença e melhorar a sua esperança de vida.

A fonte de células estaminais preferida para transplante, no caso da síndrome de Hurler, é o sangue do cordão umbilical, tendo em conta as vantagens que apresenta: disponibilidade imediata para transplante, o que reduz o tempo entre o diagnóstico e o transplante, permitindo travar a deterioração cognitiva progressiva que acompanha esta doença; maior tolerância relativamente à compatibilidade entre dador e doente, o que facilita a escolha de um dador compatível; reduzida probabilidade de desenvolver doença do enxerto contra o hospedeiro, uma complicação dos transplantes hematopoiéticos que pode ser fatal; e melhores níveis de enzima nos indivíduos transplantados, associados a melhor controlo da doença. Um novo estudo, recentemente publicado na revista científica Bone Marrow Transplantation, sugere uma metodologia que permite otimizar os resultados destes transplantes.

 

NOVO ESTUDO PROPÕE MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO DOS TRANSPLANTES DE SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL PARA SÍNDROME DE HURLER

Tendo em conta observações anteriores, em que foi possível associar a presença de anticorpos a complicações dos transplantes para síndrome de Hurler, os autores do novo estudo colocaram a hipótese de que a eliminação dos linfócitos B (células do sistema imunitário produtoras de anticorpos) na altura do transplante poderia conduzir a melhores resultados. Para avaliar a eficácia da abordagem proposta, os autores analisaram os resultados do tratamento de 57 crianças com síndrome de Hurler transplantadas com sangue do cordão umbilical, em média aos 12 meses de idade, recorrendo à utilização de um medicamento biológico composto por um anticorpo que permite eliminar linfócitos B (rituximab), já em uso para o tratamento de outras doenças. Vinte crianças receberam rituximab, 10 dias antes e 30 dias depois do transplante, adicionalmente ao regime de condicionamento necessário para o mesmo; e 37 crianças, do grupo controlo, não receberam este medicamento. Embora a taxa de sobrevivência aos 2 anos tenha sido similar em ambos os grupos, a taxa de sobrevivência livre de complicações (como rejeição do transplante) um ano após o transplante foi de 85% no grupo que recebeu rituximab, valor significativamente superior ao observado no grupo controlo (45,9%). Estes dados indicam que a adição deste medicamento ao protocolo de tratamento ajuda a melhorar os resultados da transplantação com sangue do cordão umbilical para síndrome de Hurler. Adicionalmente, os autores verificaram que, 6 meses após o transplante, os níveis de linfócitos B eram já semelhantes em ambos os grupos, e que a taxa de infeções não foi superior nas crianças que receberam rituximab, indicando que esta abordagem não acarreta riscos acrescidos de contrair infeções no período pós-transplante.

Este estudo representa mais um passo no sentido de otimizar os resultados dos transplantes de sangue do cordão umbilical em crianças com síndrome de Hurler, cuja melhor hipótese de cura é a realização de um transplante deste tipo, o mais rapidamente possível após o diagnóstico.

 

Referências:

Nataraj R, et al. B-cell depletion abrogates immune mediated cytopenia and rejection of cord blood transplantation in Hurler syndrome. Bone Marrow Transplant. 2021 Oct 4. [online ahead of print]

https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/12559/hurler-syndrome, acedido a 9 de novembro de 2021.