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Recém-nascido com doença genética rara recupera após transplante de sangue do cordão umbilical

A Linfohistiocitose Hemofagocítica (LHH) é uma doença rara e muito grave que, se não for prontamente detetada e tratada, conduz a um desfecho fatal em poucos meses. Num caso de sucesso descrito recentemente na revista médica Pediatric Blood and Cancer, um menino com uma forma grave da doença conseguiu recuperar após um transplante de sangue do cordão umbilical.
A LHH caracteriza-se pela ativação exagerada e desajustada do sistema imunitário, podendo conduzir à falência de vários órgãos, deixando os doentes em estado crítico. Os casos mais graves são os de origem genética (variante familiar) com manifestação clínica ainda antes do nascimento. Embora estudos anteriores apontassem para uma incidência anual de 1,2 casos por milhão de recém-nascidos, o número de casos descritos na literatura tem vindo a aumentar significativamente.
Os sintomas mais frequentes desta doença incluem aumento do volume do fígado e do baço, febre e alterações neurológicas. O único tratamento capaz de curar a LHH familiar é um transplante de células estaminais hematopoiéticas, como as que existem na medula óssea e no sangue do cordão umbilical. Estas deverão provir de um dador saudável, uma vez que as células do doente serão portadoras da mutação que conduz à doença.

Diagnóstico precoce e transplante de sangue do cordão umbilical salvam bebé com doença rara

No caso recentemente reportado, os sinais iniciais da doença foram detetados muito precocemente, ainda durante a gravidez. Às 36 semanas, foi detetada a acumulação de líquido na cavidade abdominal do bebé. Logo após o nascimento, os exames radiológicos e ecografia mostraram, não só a acumulação de líquido no abdómen, mas também aumento do volume do baço, e as análises ao sangue revelaram valores anormalmente baixos dos vários constituintes do sangue. Após transfusões de plaquetas e glóbulos vermelhos, que surtiram pouco efeito na normalização dos parâmetros sanguíneos, verificou-se rápida progressão da doença, com aumento do volume do fígado, acompanhado de disfunção hepática, quadro sugestivo de LHH familiar. No segundo dia de vida, verificavam-se já 5 dos 8 critérios utilizados para o diagnóstico da doença, confirmado posteriormente por análise genética. Iniciou-se o tratamento convencionado, com corticosteroides e agentes imunossupressores e de quimioterapia, com o objetivo de induzir a remissão da doença, atingida 46 dias após o nascimento. Terminada esta fase inicial do tratamento, seguiu-se um transplante com células estaminais do sangue do cordão umbilical de um dador compatível, com o intuito de substituir o sistema hematopoiético – produtor das células do sangue – defeituoso (com uma mutação causadora da doença), por um novo sistema hematopoiético saudável. O transplante de sangue do cordão umbilical foi bem-sucedido, e o bebé teve alta aos 7 meses de vida. Na consulta de seguimento dos 16 meses, apresentava-se saudável, com um desenvolvimento motor e mental normal para a idade.
Este caso de sucesso demonstra que um diagnóstico precoce e rápida iniciação da terapêutica, conjugada com um transplante de células estaminais, neste caso de sangue do cordão umbilical, é capaz de melhorar significativamente o prognóstico das crianças com LHH familiar e conduzir a um desfecho positivo.
 
 
Referências:
Matsumoto T, et al. A case of fetal-onset type 3 familial hemophagocytic lymphohistiocytosis surviving without severe complications after early diagnosis and treatment. Pediatr Blood Cancer. 2021. 26:e29016.
Merli P, et al. Novel Therapeutic Approaches to Familial HLH (Emapalumab in FHL). Front Immunol. 2020. 11:608492.
Roldão, MAO. Linfohistiocitose Hemofagocítica Primária e Secundária: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. Tese de Mestrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. 2017. Acedido online em http://hdl.handle.net/10451/32614.