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Sangue do cordão umbilical de irmãos usado no tratamento de crianças com paralisia cerebral

A paralisia cerebral é a perturbação motora mais frequente na infância e está associada a lesões neurológicas ocorridas durante o desenvolvimento do sistema nervoso, antes ou após o nascimento. Em Portugal, por cada mil bebés que nascem, dois são diagnosticados com paralisia cerebral. A incapacidade funcional nestas crianças está associada a dificuldades na postura ou no movimento, frequentemente associadas a outros problemas, obrigando a uma abordagem de tratamento multidisciplinar que ajude a maximizar a função motora e a sua qualidade de vida.

Uma estratégia terapêutica inovadora, baseada na administração de células estaminais, tem sido amplamente investigada, com resultados positivos. Estudos em modelo animal e ensaios clínicos em humanos sugerem que as células do sangue do cordão umbilical têm potencial para melhorar a função motora em crianças com paralisia cerebral. Um estudo publicado em 2017 reportou melhorias significativas em crianças pequenas com paralisia cerebral, após infusão do seu próprio sangue do cordão umbilical, armazenado à nascença. O mesmo grupo de investigadores, da Universidade de Duke, nos EUA, publicou recentemente os resultados de um novo estudo, que demonstra a segurança da utilização de sangue do cordão umbilical de um irmão para este efeito.

Melhorias na função motora em crianças com paralisia cerebral tratadas com sangue do cordão umbilical de um irmão

Embora a administração de sangue do cordão umbilical do próprio seja a opção mais segura, uma vez que não é expectável uma reação do organismo contra as suas próprias células, muitas crianças com paralisia cerebral não possuem uma unidade de sangue do cordão umbilical armazenada, que possam usar. Na tentativa de aumentar o número de crianças que possam vir a beneficiar deste tipo de tratamento inovador, os investigadores da Universidade de Duke conduziram um ensaio clínico para avaliar a segurança da administração de sangue do cordão umbilical de um irmão a crianças com paralisia cerebral. Neste ensaio clínico de fase 1 participaram 15 crianças com paralisia cerebral, com idades compreendidas entre 1 e 6 anos, que tinham disponível uma amostra de sangue do cordão umbilical de um irmão, total ou parcialmente compatível, através de armazenamento prévio num banco familiar de células estaminais. As amostras de sangue do cordão umbilical usadas no estudo estavam criopreservadas em oito bancos familiares de sangue do cordão umbilical. Para atingir o número de células pretendido para infusão, em alguns casos (8) usou-se a totalidade da amostra de sangue do cordão umbilical, enquanto noutros (7), foi utilizada uma parte, tendo a restante ficado guardada para eventual utilização futura.

O tratamento consistiu na administração do sangue do cordão umbilical, previamente descongelado, por via intravenosa, durante cerca de 15 minutos. Todos os participantes realizaram análises ao sangue, exames neurológicos, TAC cerebral e avaliação da função motora antes e 6 meses após o tratamento experimental. Adicionalmente, a segurança foi avaliada ao longo de dois anos após o tratamento. Não se verificaram efeitos adversos decorrentes do tratamento experimental, durante os dois anos de seguimento dos participantes, tendo por isso sido considerado um tratamento seguro. Para além disso, os testes realizados demonstraram que, 6 meses após o tratamento com sangue do cordão umbilical, todas as crianças demonstraram melhorias na função motora, comparativamente ao seu nível inicial. O mecanismo pelo qual as células do sangue do cordão umbilical exercem os seus efeitos benéficos não é ainda completamente conhecido. No entanto, melhorias na conectividade cerebral foram já demonstradas em crianças tratadas.

Embora este estudo não tenha incluído um grupo controlo e o número de participantes tenha sido reduzido, estes resultados não deixam de ser interessantes, uma vez que são concordantes com os previamente obtidos num ensaio clínico randomizado, controlado com grupo placebo e incluindo um maior número de participantes, que avaliou a eficácia da infusão de sangue do cordão umbilical do próprio em crianças com paralisia cerebral. No seu conjunto, estes estudos sugerem que o uso de sangue do cordão umbilical, quer do próprio, quer de um irmão, pode melhorar a função motora em crianças com paralisia cerebral, com potencial impacto positivo na sua qualidade de vida e na dos seus cuidadores.

Referências:

Sun JM, et al. Sibling umbilical cord blood infusion is safe in young children with cerebral palsy. Stem Cells Transl Med. 2021. doi: 10.1002/sctm.20-0470 [online ahead of print].

http://neuropediatria.pt/index.php/pt/para-os-pais/paralisia-cerebral, acedido a 16 de junho de 2021.