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Tratamento experimental de diabetes tipo 1 com células estaminais do tecido do cordão umbilical

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela perda progressiva de células do pâncreas produtoras de insulina. Uma vez que o seu organismo não produz insulina suficiente, os doentes com diabetes tipo 1 requerem injeções frequentes desta hormona, de forma a controlar os níveis de açúcar (glicose) no sangue, não existindo, atualmente, nenhuma opção terapêutica capaz de travar eficazmente a doença.

A terapia com células estaminais mesenquimais tem sido investigada para prevenir a progressão da diabetes tipo 1, com resultados promissores. Estas células podem ser obtidas a partir do cordão umbilical, tecido adiposo ou medula óssea. Após o sucesso dos estudos em modelo animal, que demonstraram que as células estaminais mesenquimais são capazes de retardar o aparecimento e a progressão de diabetes tipo 1, ensaios clínicos preliminares demonstraram a segurança desta terapia em humanos e forneceram evidências de que esta poderia, mesmo, ser capaz de travar a progressão da doença.

Diabéticos (diabetes tipo 1) tratados com células estaminais exibem melhorias nos níveis de insulina

Recentemente publicado na revista científica Stem Cell Research & Therapy, um novo estudo avaliou o efeito da administração de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical a doentes com diabetes tipo 1. Para além da facilidade com que são obtidas, estas células têm grande capacidade de multiplicação em laboratório e são capazes de regular o sistema imunitário, apresentando, por isso, grande potencial para o tratamento de doenças autoimunes.

O ensaio clínico comparou a evolução clínica de 27 doentes, a quem, para além da terapêutica convencional, foram administradas células estaminais, com 26 doentes tratados recorrendo apenas à terapêutica convencional, baseada na administração de insulina. A média de idades dos participantes foi de 25 anos, tendo sido diagnosticados com diabetes tipo 1 entre 0 a 24 meses antes do início do estudo. Todos apresentavam excesso de açúcar no sangue, requerendo terapêutica com insulina, iniciada imediatamente após o diagnóstico. O tratamento experimental consistiu na administração, por via intravenosa, de duas doses de células estaminais do tecido do cordão umbilical, com 3 meses de intervalo.

Os participantes foram seguidos durante um ano após o início do estudo, durante o qual não se observaram quaisquer efeitos adversos graves decorrentes do tratamento com células estaminais. Três doentes apresentaram apenas febre ligeira após o tratamento, tendo recuperado espontaneamente dentro de 24h, sem necessidade de medicação. Para aferir a eficácia do tratamento, os participantes realizaram análises ao sangue e provas de tolerância à glicose, antes e no final do tempo de seguimento. Um aumento de 10% ou mais nos níveis de péptido C – que refletem os níveis de insulina endógena produzida – em jejum ou após uma refeição, foram considerados indicativos de remissão clínica.

Após um ano de seguimento, 40,7% (11/27) dos doentes tratados com células estaminais permaneciam em remissão clínica, em contraste com apenas 11,6% (3/26) no grupo controlo, o que indica que o tratamento experimental teve um efeito positivo na preservação da função das células pancreáticas produtoras de insulina e, subsequentemente, no nível de insulina produzida pelo próprio organismo (endógena). Este resultado é importante tendo em conta que, na maioria dos doentes, o nível de insulina endógena produzido vai decrescendo ao longo do tempo. Outro resultado significativo deste estudo, que sugere que o tratamento experimental foi eficaz na conservação da função das células pancreáticas produtoras de insulina, foi o facto de três doentes tratados com células estaminais terem deixado de necessitar de insulina durante algum tempo (4, 12 e 20 meses), após o tratamento, em contraste com o grupo controlo, em que nenhum doente se tornou independente da administração de insulina. Para além disso, um ano após o início do estudo, os níveis de péptido C – e, portanto, de insulina endógena – eram melhores nos participantes adultos tratados com células estaminais, comparativamente aos do grupo controlo.

Este ensaio clínico fornece evidências de que a administração de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical a doentes com diabetes tipo 1 é segura e exerce um efeito benéfico de preservação da função das células pancreáticas produtoras de insulina. Contudo, é necessário realizar mais estudos, com maior número de doentes, que confirmem estes resultados, antes da sua aplicação na prática clínica.

Referência:

Lu J, et al. One repeated transplantation of allogeneic umbilical cord mesenchymal stromal cells in type 1 diabetes: an open parallel controlled clinical study. Stem Cell Res Ther. 2021. 12(1):340.