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Tratamento inédito com sangue do cordão umbilical permite salvar criança com síndrome inflamatória grave

O caso foi recentemente apresentado na revista European Journal of Medical Research e constitui uma abordagem inovadora ao tratamento de doentes com síndrome da dificuldade respiratória aguda em estado crítico.

A publicação descreve o tratamento de um menino, com 7 anos de idade, que se apresentou no hospital com tosse, dificuldade respiratória, febre intermitente e baixos níveis de oxigénio. As análises realizadas revelaram que sofria de pneumocistose, um tipo de pneumonia provocada por um microrganismo comum, que pode residir nos pulmões de indivíduos saudáveis sem causar qualquer problema, mas que frequentemente se torna patogénico em indivíduos com o sistema imunitário debilitado. Era esse o caso desta criança, que estava a ser tratada com corticosteroides e outros agentes imunossupressores para controlo de síndrome nefrótica, uma condição de que sofria desde os 4 anos e que se caracteriza pela eliminação excessiva de proteínas na urina devido ao mau funcionamento renal. Para tratar a pneumocistose, foi administrada terapêutica antibiótica específica para este tipo de infeção, em conjugação com ventilação para suporte respiratório. Contudo, passados alguns dias, o estado de saúde da criança deteriorou-se, tendo-lhe sido diagnosticada uma forma severa da síndrome da dificuldade respiratória aguda (ARDS, do inglês Acute Respiratory Distress Syndrome), cuja taxa de mortalidade pode ultrapassar os 40%. Esgotadas todas as opções de tratamento, e após 30 dias em estado crítico, sem sinais de melhoria, foi proposta a realização de um tratamento experimental com células estaminais do sangue do cordão umbilical, para tentar reverter a situação.

Criança com pneumocistose em estado crítico recupera após tratamento com sangue do cordão umbilical

Embora mais frequentemente utilizado para o tratamento de doenças hemato-oncológicas, o sangue do cordão umbilical tem sido usado, em contexto experimental, para o tratamento de outro tipo de patologias – por exemplo do foro neurológico – com um perfil de segurança muito favorável. O facto de a administração de sangue do cordão umbilical ter sido anteriormente associada a melhorias na função pulmonar em bebés prematuros, com redução da necessidade de suporte respiratório, fortaleceu o racional para a sua aplicação nesta criança com ARDS em estado crítico. Adicionalmente, o sangue do cordão umbilical contém, entre outros tipos de células, células estaminais mesenquimais, cujo potencial para o tratamento de ARDS induzida pela infeção por SARS‑Cov-2 tem vindo a ser evidenciado em algumas publicações recentes.

Não tendo, as várias abordagens terapêuticas aplicadas durante mais de um mês, conduzido a melhorias no estado de saúde da criança, foi surpreendente que uma radiografia aos pulmões realizada ao quinto dia após administração intravenosa de sangue do cordão umbilical tivesse revelado melhorias ao nível pulmonar, marcando assim o início da sua recuperação. A partir desse dia, continuou a melhorar e teve alta após 71 dias de hospitalização. De acordo com os autores, a função pulmonar melhorou significativamente nos 7 meses de acompanhamento que se seguiram. O tratamento foi considerado seguro, não tendo sido observados quaisquer efeitos adversos decorrentes da sua administração. A análise detalhada dos mecanismos celulares e moleculares envolvidos, revelou que as células do sangue do cordão umbilical restauraram o equilíbrio do sistema imunitário, contribuindo para o controlo da infeção e recuperação do doente com ARDS causada por pneumocistose.

Tendo em conta o sucesso deste tratamento, os autores sugerem que o sangue do cordão umbilical pode ser uma opção segura e eficaz para o tratamento de doentes com ARDS e salientam a necessidade de realização de estudos mais alargados que permitam confirmar estes resultados.

 

Referências:

Liu S, et al. First case of low-dose umbilical cord blood therapy for pediatric acute respiratory distress syndrome induced by Pneumocystis carinii pneumonia. Eur J Med Res. 2021 Aug 28;26(1):100.

https://www.cdc.gov/fungal/diseases/pneumocystis-pneumonia/index.html, acedido a 20 de setembro de 2021.

Esteves F, et al. Pneumocystis e pneumocistose: o agente patogénico e a doença (105 anos de investigação). Revista Portuguesa de Doenças Infecciosas. 2014. 10:16-22. Consultado online em http://spdimc.org/wp/wp-content/uploads/2014/09/RPDI_10-1_Internet.pdf, a 20 de setembro de 2021.

https://www.nhs.uk/conditions/nephrotic-syndrome/, acedido a 21 de setembro de 2021.