Os campos marcados com * são obrigatórios.

PREENCHA OS SEUS DADOS E RECEBA UM DOSSIER INFORMATIVO, SOBRE CÉLULAS ESTAMINAIS, NO SEU EMAIL


Os campos marcados com * são obrigatórios.

PREENCHA OS SEUS DADOS

Os campos marcados com * são obrigatórios.

Voltar

Doente em remissão do VIH-1 após transplante com células de sangue do cordão umbilical resistentes ao vírus

Foi recentemente divulgado o caso de uma mulher infetada com o vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (VIH-1), que se encontra agora em remissão, após ter sido tratada para uma leucemia, recorrendo a um transplante com células estaminais do sangue do cordão umbilical resistentes ao vírus. O caso foi apresentado por investigadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles, durante a 29ª Conferência sobre Retrovírus e Infeções Oportunistas (CROI 2022).

Aos 60 anos de idade, foi diagnosticada com VIH-1 e tratada com medicamentos antirretrovirais, que permitiram manter a carga viral em níveis baixos e a doente relativamente assintomática. Quatro anos depois, em março de 2017, foi-lhe diagnosticada leucemia mieloblástica aguda de alto risco, com indicação para quimioterapia e transplante hematopoiético (i.e. transplante com células estaminais hematopoiéticas, formadoras das células do sangue e do sistema imunitário, presentes na medula óssea e no sangue do cordão umbilical)1,2.

Perante a perspetiva de potencial cura do VIH-1 após transplante hematopoiético, como aconteceu nos conhecidos casos do “paciente de Berlim” e do “paciente de Londres”, a doente foi acompanhada no âmbito de um ensaio clínico, que contou com a colaboração de vários grupos de investigação nos EUA2,3. A ideia subjacente ao transplante era eliminar totalmente o sistema hematopoiético – que podemos descrever de forma simplista como a “fábrica do nosso sangue” – da doente, de forma a eliminar as células cancerígenas, para depois o substituir por um sistema hematopoiético resistente ao VIH-1. Para o transplante, foi selecionada uma unidade de sangue do cordão umbilical que possuía uma mutação que confere resistência à infeção por VIH-1. Apesar da unidade de sangue do cordão umbilical selecionada ser apenas parcialmente compatível, isso não constituiu impedimento à sua utilização, uma vez que o sangue do cordão umbilical é mais flexível quanto à exigência nos fatores de compatibilidade para transplante, comparativamente às células da medula óssea2,4.

TRANSPLANTE DE SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL BEM-SUCEDIDO PERMITE REMISSÃO DA LEUCEMIA E DO VIH-1

Em agosto de 2017, a doente foi transplantada com a unidade de sangue do cordão umbilical selecionada, resistente ao VIH-1, e adicionalmente, com células estaminais da medula óssea de um familiar direto, com o objetivo de acelerar a recuperação hematológica pós-transplante1,4. O procedimento foi um sucesso e a doente recuperou rapidamente, tendo recebido alta ao 16º dia após transplante1. Desde há quatro anos e meio, a doente permanece em remissão da leucemia e da infeção por VIH-1, tendo descontinuado a medicação antirretroviral há 14 meses, sem qualquer evidência de ressurgimento do vírus4.

Caso o vírus permaneça indetetável, este torna-se o terceiro caso conhecido de cura do VIH-1 após transplante hematopoiético. Apesar do indiscutível sucesso dos dois primeiros casos, ambos desenvolveram doença do enxerto contra o hospedeiro, uma complicação frequente e potencialmente fatal dos transplantes hematopoiéticos. O médico que acompanhou esta doente refere que o facto de ter sido transplantada com sangue do cordão umbilical pode ter sido a razão pela qual não desenvolveu as mesmas complicações observadas nos casos anteriores, transplantados com células estaminais de um dador adulto. Com efeito, as células do sangue do cordão umbilical, colhidas logo após o nascimento, estão associadas a uma menor probabilidade de desenvolver doença do enxerto contra o hospedeiro, o que se revela vantajoso para o doente no período pós-transplante2,4.

Apesar de o transplante com células estaminais não ser uma opção terapêutica viável para todos os doentes infetados com VIH, pelos riscos que acarreta, este caso de sucesso evidencia a importância que o sangue do cordão umbilical pode representar para doentes infetados com VIH-1 que venham a desenvolver doença hemato-oncológica elegível para transplante. A possibilidade de rastrear unidades de sangue do cordão umbilical resistentes ao VIH-1, adicionalmente à menor exigência nos fatores de compatibilidade e menor probabilidade de desenvolver doença do enxerto contra o hospedeiro, fazem do sangue do cordão umbilical uma fonte de células estaminais muito atrativa para transplante nestes casos.

 

 

Referências:

  1. 1. https://ashpublications.org/blood/article/132/Supplement%201/2184/261755, acedido online a 16 de fevereiro de 2022.
  2. 2. https://www.nytimes.com/2022/02/15/health/hiv-cure-cord-blood.html , acedido a de 16 de fevereiro de 2022.
  3. 3. https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT02140944, acedido a 16 de fevereiro de 2022 , acedido a de 16 de fevereiro de 2022.
  4. 4. https://www.uclahealth.org/news/ucla-health-croi-presenting-case-woman-with-hiv-1-remission, acedido a de 16 de fevereiro de 2022.