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Doentes com esclerose múltipla melhoram após tratamentos com células estaminais do tecido do cordão umbilical

Esclerose Multipla Células Estaminais

A esclerose múltipla é a doença desmielinizante (ou seja, que afeta a transmissão dos impulsos nervosos) que mais atinge o sistema nervoso central, e é, no Ocidente, a patologia mais frequentemente associada a incapacidades não traumáticas em jovens adultos. Os dados mais recentes sobre a esclerose múltipla em Portugal referem que há mais de 8 000 pessoas com esta doença e, a nível mundial, estima-se que existam mais de 1,8 milhões de doentes com esta patologia (dados da Organização Mundial da Saúde).

Estando já descrita a correlação entre o desenvolvimento de esclerose múltipla e fatores como estilo de vida (tabagismo, baixos níveis de exposição solar, elevado índice de massa corporal), exposição a determinados agentes infeciosos, como vírus ou bactérias, ou ainda fatores genéticos, não está estabelecida uma causa direta para o seu aparecimento e progressão. Contudo, é bastante claro que a prevalência aumenta nas populações mais distantes da linha do equador, e parece haver uma predisposição genética que, em conjunto com os fatores de risco referidos, pode levar ao desenvolvimento de esclerose múltipla logo a partir da adolescência.

Os sintomas mais comuns desta doença são: alterações da sensibilidade, descoordenação motora, fadiga crónica e dificuldades na articulação verbal. O diagnóstico médico inclui ainda a análise à inflamação e danos no sistema nervoso central (através de ressonância magnética) e também a presença de determinados autoanticorpos no líquido cefalorraquidiano (fluído que circula no cérebro e na espinal medula). A avaliação da progressão destas alterações é essencial para o aconselhamento e tratamento dos doentes com esclerose múltipla.

Sendo uma doença autoimune, a esclerose múltipla tem como tratamento uma diversidade de fármacos e terapias comuns a outras doenças autoimunes. Estes agentes têm um efeito supressor do sistema imunológico e têm demonstrado capacidade para retardar a progressão da doença ou o reaparecimento de episódios agudos. Contudo, numa tentativa de alargar o espectro de tratamentos e de conseguir melhorar a qualidade de vida dos doentes, a comunidade científica e médica tem procurado novas abordagens terapêuticas. Assim, em substituição das terapias farmacológicas menos personalizadas, cujo objetivo é modular a resposta imunitária do doente com esclerose múltipla, tem sido testada a utilização de células estaminais mesenquimais com o mesmo fim. Diversas publicações científicas têm demonstrado a eficácia das células estaminais mesenquimais obtidas de diferentes fontes, como medula óssea, tecido adiposo, ou tecido do cordão umbilical, em diferentes patologias, tendo vários ensaios clínicos sido já concluídos, encontrando-se outros em fase de desenvolvimento.

Recentemente, foi publicado na revista Cell Transplantation um estudo envolvendo 35 pessoas portadoras de esclerose múltipla que pretendia, por um lado, demonstrar a eficácia do tratamento destes doentes com células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical, e por outro, determinar qual o resultado da administração destas células em mais do que um momento ao longo do tempo. Estes doentes foram divididos em dois grupos: a um grupo foi administrada uma única dose de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical, enquanto ao outro grupo foram infundidas duas doses destas células. Os doentes foram acompanhados antes e durante a administração, e três, seis e 12 meses após a realização destes tratamentos. Para determinar a eficácia destes procedimentos, foram avaliados diferentes parâmetros, como a capacidade motora (equilíbrio, flexibilidade, força e resistência física) e não motora (fadiga, qualidade do sono), mas também a capacidade cognitiva, a dor, e a perceção de qualidade de vida. Também foram realizadas análises sanguíneas e ao líquido cefalorraquidiano, assim como imagiologia por ressonância magnética. A escala geral de incapacidade melhorou significativamente em ambos os grupos, seis meses após o tratamento, e ao serem examinados aspetos específicos da doença, verificou-se que os doentes aos quais foram administradas duas doses evidenciaram melhorias em mais parâmetros do que os doentes que receberam única dose.

Com os resultados obtidos, os investigadores concluíram que ambas as modalidades de tratamento com células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical não só eram bem toleradas pelos doentes, como existe potencial nestes tratamentos para travar a progressão da doença e ainda melhorar a função cognitiva, a resposta imunitária e a qualidade de vida das pessoas afetadas. Ainda assim, de acordo com os autores do artigo científico, são necessários mais estudos, envolvendo um maior número de doentes de modo a melhor determinar as doses celulares mais indicadas para o tratamento de doentes com esta patologia.

 

Referências
Alghwiri AA, et al., The effect of stem cell therapy and comprehensive physical therapy in motor and non-motor symptoms in patients with multiple sclerosis: a comparative study. Medicine 2020; 99:34(e21646).
https://www.anem.life/2023/10/13/o-que-e-a-em/ acedido em 21 de maio de 2024.
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/multiple-sclerosis acedido a 21 de maio de 2024.
Jamali F, et al., Human Umbilical Cord-Derived Mesenchymal Stem Cells in the Treatment of Multiple Sclerosis Patients: Phase I/II Dose-Finding Clinical Study. Cell Transplant. 2024 Jan-Dec; 33:9636897241233045. doi: 10.1177/09636897241233045.
Kobelt G, et al., The long-term cost of multiple sclerosis in France and potential changes with disease-modifying interventions. Mult Scler. 2009 Jun;15(6):741-51. doi: 10.1177/1352458509102771. Epub 2009 Apr 21. PMID: 19383645.