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Infusão de células do cordão umbilical e da medula óssea na prevenção de complicações crónicas da diabetes – Resultados de um estudo clínico com oito anos de acompanhamento

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune na qual as células beta-pancreáticas (células do pâncreas produtoras de insulina) são progressivamente destruídas por um ataque autoimune (do próprio organismo), devido a um desequilíbrio no sistema imunitário. Em resultado da produção insuficiente de insulina, os níveis de glicemia (açúcar no sangue) tornam-se elevados, exigindo a administração diária de insulina. Apesar do controlo da doença que é possível fazer, com o passar dos anos, as pessoas com diabetes podem vir a desenvolver complicações em vários órgãos (olhos, rins, coração, etc.). Estas complicações incluem lesões renais (nefropatia diabética), lesões na retina (retinopatia), lesões neurológicas (neuropatia periférica), doenças cardiovasculares, entre outras. O desenvolvimento de terapias imunomoduladoras capazes de abrandar a destruição autoimune das células beta‑pancreáticas poderá ser relevante para o tratamento da diabetes tipo 1. A capacidade das células estaminais mesenquimais para regular a atividade do sistema imunitário e promover a reparação celular tem sido evidenciada pelos resultados promissores de estudos quer em modelos animais quer em doentes humanos. Assim, estas células têm sido consideradas potencialmente úteis para o tratamento da diabetes tipo 1.

Num artigo científico recente1 foram publicados os resultados de um estudo que pretendeu avaliar a segurança e o benefício a longo prazo da infusão combinada de células estaminais mesenquimais do cordão umbilical e de células da medula óssea em doentes com diabetes tipo 1. Os doentes que fizeram parte deste estudo (doentes com idades compreendidas entre 18 – 40 anos e com historial clínico de diabetes tipo 1 entre 2 – 16 anos), tinham já sido incluídos num ensaio clínico em que um dos grupos recebeu tratamento convencional (grupo controlo) e o outro, para além do tratamento convencional, recebeu terapia celular que consistiu na infusão de células mesenquimais do tecido do cordão umbilical e de células da medula óssea. Um ano após a terapia celular, o tratamento foi considerado seguro, tendo sido associado a melhoria moderada do controlo metabólico (que inclui controlo da glicemia e de outros parâmetros relevantes na evolução da doença) em doentes com diabetes tipo 1. Estes efeitos, anteriormente publicados2, foram observados no grupo tratado com recurso a terapia celular em comparação com o início do estudo e comparativamente ao grupo controlo.

TERAPIA CELULAR ASSOCIADA À REDUÇÃO DE COMPLICAÇÕES A LONGO PRAZO DA DIABETES TIPO 1

No presente estudo1, os autores avaliaram a incidência de complicações a longo prazo da diabetes tipo 1, oito anos após os tratamentos efetuados no âmbito do referido ensaio clínico. Os investigadores avaliaram ainda a segurança da terapia celular, a função das células beta-pancreáticas e o controlo metabólico nos dois grupos de doentes. Os dados obtidos são referentes a 14 dos 21 doentes do grupo que recebeu terapia celular e a 15 dos 21 doentes do grupo controlo, por terem sido os doentes dos dois grupos do ensaio clínico em quem foi possível fazer o acompanhamento completo. Assim, aos oito anos de acompanhamento, a incidência de neuropatia periférica foi de 7,1% (1 em 14) no grupo que recebeu terapia celular e de 46,7% (7 em 15) no grupo controlo e a incidência de nefropatia diabética foi de 7,1% (1 em 14) no grupo que recebeu terapia celular em comparação com 40,0% (6 em 15) no grupo controlo. A incidência de retinopatia foi de 7,1% (1 em 14) no grupo que recebeu terapia celular e de 33,3% (5 em 15) no grupo controlo (não tendo neste caso, a diferença sido estatisticamente significativa). Dois doentes (2 em 14 – 14,3%) do grupo que recebeu terapia celular e 11 doentes (11 em 15 – 73,3%) do grupo controlo desenvolveram pelo menos uma complicação; um doente do grupo que recebeu terapia celular e seis doentes do grupo controlo apresentaram pelo menos duas complicações, não tendo sido observado o aparecimento ou desenvolvimento de qualquer tumor no grupo tratado por recurso a terapia celular, o que reforça a segurança deste tratamento.

Segundo os autores, os resultados da avaliação dos doentes incluídos neste estudo (aos oito anos de acompanhamento) apoiam a hipótese de que a terapia com células estaminais em doentes com diabetes tipo 1 é segura, está associada a melhorias a longo prazo na secreção de insulina e no controlo metabólico destes doentes, estando ainda associada à redução da prevalência de complicações crónicas da diabetes. Estes resultados, dos efeitos a longo prazo da terapia celular combinada, suportam a realização de mais estudos sobre o seu potencial terapêutico para o tratamento de complicações crónicas da diabetes.

 

Referências

1- Wu Z et al., Prevention of chronic diabetic complications in type 1 diabetes by co-transplantation of umbilical cord mesenchymal stromal cells and autologous bone marrow: a pilot randomized controlled open-label clinical study with 8-year follow-up. Cytotherapy. 2022 Jan 24:S1465-3249(21)00825-2. doi: 10.1016/j.jcyt.2021.09.015. Online ahead of print. PMID: 35086778

2- Cai J et al., Umbilical Cord Mesenchymal Stromal Cell With Autologous Bone Marrow Cell Transplantation in Established Type 1 Diabetes: A Pilot Randomized Controlled Open-Label Clinical Study to Assess Safety and Impact on Insulin Secretion. Diabetes Care 2016;39(1):149–57.

 

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