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Sangue do cordão umbilical em transplantação hematopoiética – mais de 60 mil transplantes realizados

Transplantação Hematopoiética: Medula óssea, Sangue Periférico mobilizado e Sangue do Cordão Umbilical

O primeiro transplante hematopoiético (i.e., com recurso a células estaminais hematopoiéticas: células capazes de originar todas as células do sangue e do sistema imunitário) foi realizado em 1957 e até hoje este procedimento continua a ser a única opção terapêutica curativa para muitas doenças hemato‑oncológicas, como leucemias e linfomas, doenças metabólicas, imunodeficiências e hemoglobinopatias1, estimando-se que, a nível mundial, mais de 1.5 milhões de transplantes tenham já sido realizados2. Os transplantes autólogos, em que o doente recebe as suas próprias células, são os que se têm realizado em maior número2. Os transplantes alogénicos, em que as células provêm de um dador compatível, incluem os transplantes relacionados (i. e., entre familiares) e os não relacionados, tendo os relacionados sido efetuados em maior número2. Na Europa, os transplantes autólogos representaram 58% dos mais de 47.000 transplantes realizados em 20213. O recurso a transplantes autólogos ocorre principalmente para o tratamento de linfomas, tumores sólidos e doenças autoimunes2,3 e os transplantes alogénicos são frequentes em casos de leucemias, linfomas e síndrome mielodisplásica3,4. Em mais de seis décadas, tem-se registado um progresso notável na área da transplantação hematopoiética, que tem vindo a ser acompanhado de um crescimento no número de transplantes realizados pelo mundo inteiro, estimando-se uma frequência anual de cerca de 84 mil transplantes2. Todos os anos, milhares de pessoas são diagnosticadas com uma doença que pode necessitar de tratamento com recurso a transplante hematopoiético. Apesar dos mais de 39 milhões de dadores de medula óssea registados em bases de dados a nível mundial, ainda há uma percentagem considerável de doentes para os quais não é possível identificar um dador compatível5,6. As células estaminais hematopoiéticas tradicionalmente mais usadas têm sido obtidas por doação de medula óssea, seja de um dador familiar ou não relacionado6. No entanto, para cerca de 10.000 a 15.000 doentes por ano não tem sido possível encontrar, entre os milhões de dadores listados a nível mundial, um dador de medula óssea compatível. Para além disso, há ainda pessoas para quem, devido à rápida progressão da doença, não há tempo suficiente para que seja encontrado um dador compatível6.

O Sangue do Cordão Umbilical é uma alternativa à Medula óssea

Com mais 30 anos de utilização clínica, o sangue do cordão umbilical tem-se estabelecido, como uma alternativa à medula óssea, tornando a transplantação hematopoiética acessível a um maior número de doentes5,7. Segundo dados da European Society for Blood and Marrow Transplantation, em 2021, mais de 50% dos transplantes de sangue do cordão umbilical realizados na Europa foram em adultos3. Os resultados dos transplantes de sangue do cordão umbilical são comparáveis aos de medula óssea, apresentando algumas vantagens, entre elas: a colheita fácil e indolor desta fonte de células estaminais; a disponibilidade imediata para transplante; a maior tolerância nos fatores de compatibilidade HLA; e o menor risco de doença do enxerto contra o hospedeiro5,7, uma complicação grave e potencialmente fatal que pode ocorrer após o transplante. O grande desafio da transplantação com sangue do cordão umbilical prende-se com a quantidade limitada de células de algumas amostras, o que tem sido ultrapassado recorrendo a duas unidades de sangue do cordão ou à multiplicação das células em laboratório (expansão celular) antes do transplante7,8,9. Esta abordagem tem obtido resultados muito positivos em ensaios clínicos,7,8,9. Uma das metodologias de expansão, em laboratório, das células do sangue do cordão umbilical concluiu já ensaios clínicos de fase 3, com resultados favoráveis, tendo sido possível aumentar 130 vezes, em média, o número de células, o que permitiu uma rápida recuperação hematológica (12 dias, em média), associada a menor incidência de infeções e menor tempo de hospitalização após o transplante8. É expectável que a agência norte‑americana do medicamento (FDA) tome uma decisão acerca da aprovação deste produto de terapia celular (denominado omidubicel) ainda em 2023.

Mais de 60.000 transplantes de Sangue do Cordão Umbilical

A colheita e criopreservação de sangue do cordão umbilical são hoje prática comum. Estima-se que, em todo o mundo, estejam disponíveis mais de 800 mil unidades de sangue do cordão armazenadas em bancos públicos6,10, e mais de seis milhões de unidades em cerca de 200 bancos privados10. Desde 1988, foram realizados mais de 60.000 transplantes de sangue do cordão umbilical10, em crianças e adultos, para o tratamento de mais de 90 doenças11, principalmente doenças malignas do sangue, como leucemias e linfomas, mas também imunodeficiências, anemias e doenças metabólicas, tendo nos últimos 10 anos sido realizados cerca de metade destes transplantes12. Nos últimos anos, o número de novas aplicações terapêuticas do sangue do cordão umbilical em estudo tem aumentado, tendo já sido incluídos mais de 800 doentes no âmbito de estudos clínicos13. Um dos avanços mais importantes na área da medicina regenerativa com sangue do cordão umbilical, nos últimos anos, foi a descoberta de que a administração de sangue do cordão umbilical a crianças com paralisia cerebral está associada a melhorias na função motora decorrentes do aumento da conectividade cerebral total, observada após infusão de sangue do cordão umbilical14. Para além da importância do sangue do cordão umbilical na área da transplantação hematopoiética, a sua crescente utilização em novas aplicações clínicas vem reforçar o valor terapêutico desta fonte de células estaminais.

 

Referências

1.Wang X, et al., Chin Med J (Engl). 2022 Jun 20; 135(12): 1394–403.
2.Niederwieser D, et al., Haematologica 2022 107(5):1045-53.
3.Passweg J, et al., Bone Marrow Transplant. 2023 Mar 6:1-12. doi: 10.1038/s41409-023-01943-3. Online ahead of print.
4.Apperley J, et al., Biol Blood Marrow Transplant. 2016 Jan;22(1):23-6.
5.Sanchez-Petitto G, et al., Stem Cells Transl Med. 2023, Feb; 12(2): 55–71.
6.https://wmda.info/cord-blood/basics-cord-blood/, consultado a 16 de março de 2023.
7.Berglund S, et al. Expert Opin Biol Ther. 2017 Jun;17(6):691-9.
8.Horwitz ME, et al., Blood 2021 Oct 21;138(16):1429-40.
Saiyin T, et al., Transplant Cell Ther 2023 Feb;29(2):129.e1-e9.
10.https://cord.memberclicks.net/assets/docs/Fact_Sheet.pdf, consultado a 16 de março de 2023.
11.https://www.crioestaminal.pt/wp-content/uploads/2022/08/CRM.007_01_Lista_Doencas_Trataveis_SCU.pdf, consultado a 16 de março de 2023.
12.Ballen KK, et al., Blood. 2013 Jul 25;122(4):491-8.
13.Rizk M, et al. Biol Blood Marrow Transplant. 2017 Oct;23(10):1607-13.
14.Sun JM, et al., Stem Cells Transl Med. 2017 Dec;6(12):2071-8.