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Tratamento experimental com células estaminais com resultados promissores em doentes com COVID-19

Um estudo recentemente publicado na revista científica Aging and Disease, mostra que as células estaminais mesenquimais (MSCs, do inglês, Mesenchymal Stem Cells) têm potencial para tratar a COVID-19
O novo coronavírus (COVID-19), que inicialmente causou um surto da doença em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, já se espalhou pelo mundo inteiro, constituindo neste momento uma ameaça global. De acordo com o conhecimento atual, em cerca de 80% dos casos os sintomas desta doença podem ser ligeiros, mas em alguns doentes, a gravidade da COVID-19 pode mesmo conduzir à morte. Um dos mecanismos mais importantes subjacentes à deterioração dos doentes com COVID-19 é a tempestade de citocinas. Tempestade de citocinas é a designação dada à reação imunológica exacerbada que ocorre após um acentuado aumento de moléculas pró-inflamatórias e que pode comprometer seriamente a vida dos doentes. Prevenir e reverter esta reação imunológica descontrolada que ocorre nos doentes com pneumonia grave por COVID-19 pode ser a chave para os salvar. Vários estudos têm demonstrado que as MSCs têm uma função imunomoduladora poderosa e abrangente. Por essa razão, estas células podem ter efeitos benéficos na prevenção ou atenuação da tempestade de citocinas. 
As MSCs têm sido amplamente testadas em terapia celular para o tratamento de várias doenças. A segurança e eficácia da sua administração foram já claramente documentadas em muitos ensaios clínicos, especialmente em doenças inflamatórias com envolvimento do sistema imunitário, como a doença do enxerto contra o hospedeiro e o lúpus eritematoso sistémico. As MSCs podem desempenhar o seu papel principalmente de duas maneiras: através da capacidade de diferenciação e de efeitos imunomoduladores. A capacidade de diferenciação poderá permitir reparar tecidos lesados, enquanto o seu efeito imunomodulador, que advém do facto de as MSCs serem capazes de libertar moléculas anti-inflamatórias ou interagir diretamente com células do sistema imunitário, pode levar à regulação da atividade deste sistema. Para além disso, os efeitos imunomoduladores das MSCs são ainda desencadeados pela ativação de um recetor destas células (TLR, de Toll-Like-Receptor), que é estimulado por moléculas associadas a agentes patogénicos, como vírus de RNA de cadeia dupla, como o COVID-19. O tecido do cordão umbilical constitui uma das melhores fontes de MSCs. Este pode obter-se através de um procedimento de colheita simples e indolor e as células dele isoladas, por serem muito jovens, são capazes de se multiplicar mais rapidamente do que MSCs de outros tecidos. Para além disso, a capacidade imunomoduladora das MSCs do tecido do cordão umbilical tem sido demonstrada e documentada em vários estudos baseados na aplicação destas células em humanos. 

Função pulmonar de doentes com COVID-19 melhora significativamente após administração de MSCs 

Tendo em conta todo este conhecimento, no estudo agora publicado investigou-se se a administração de MSCs do tecido do cordão umbilical seria capaz de melhorar o estado de saúde de 7 doentes com pneumonia por COVID-19, internados, entre janeiro e fevereiro de 2020, no Hospital YouAn, em Pequim, China. Os resultados clínicos destes doentes, bem como as alterações nos níveis das funções inflamatórias e imunológicas e os efeitos adversos, foram avaliados durante 14 dias após a administração das células. O artigo científico mostra que as MSCs do tecido do cordão umbilical conseguiram curar ou melhorar significativamente os resultados funcionais destes 7 doentes, não tendo sido observados efeitos adversos. A função pulmonar e os sintomas destes doentes melhoraram significativamente em 2 dias após a administração de MSCs. Entre eles, dois doentes com síndrome COVID-19 comum e um com doença grave recuperaram e receberam alta em 10 dias após o tratamento. Após a administração de MSCs, registou-se uma alteração nas populações de células do sistema imunitário destes doentes que sugere a sua recuperação. Para além disso, o perfil de moléculas pró- e anti-inflamatórias melhorou nos doentes que receberam MSCs, comparativamente aos que não receberam MSCs (grupo controlo). De referir ainda que o perfil de expressão genética das MSCs utilizadas indica que estas células não são infetadas pelo COVID-19. 
Assim, segundo os autores deste estudo, a administração intravenosa de MSCs do tecido do cordão umbilical revelou-se segura e eficaz para o tratamento de doentes com pneumonia por COVID-19, principalmente nos doentes em estado crítico. Ainda segundo este artigo, a terapia com MSCs inibe a hiperativação do sistema imunitário e promove a reparação celular endógena, melhorando o microambiente pulmonar após a infeção por COVID-19. Estudos adicionais que incluam um maior número de doentes são necessários para validar a eficácia desta intervenção terapêutica. 
Neste momento, há já várias empresas empenhadas em testar medicamentos celulares inovadores à base de MSCs para tratar doentes com pneumonias graves decorrentes da infeção por COVID-19. 

Referências: 
– Transplantation of ACE2- Mesenchymal Stem Cells Improves the Outcome of Patients with COVID-19 Pneumonia. Leng et al., Aging and disease.2020, 11 (2): 216-228. – Mesenchymal Stem Cell Infusion Shows Promise for Combating Coronavirus (COVID-19)- Induced Pneumonia, Shetty A.K., Aging and disease. 2020, 11 (2): 462-464.